Justiça exige obras de saneamento, recuperação ambiental e responsabiliza o IMA por omissão em hospitais públicos de SC
O Estado de Santa Catarina foi condenado a pagar R$ 10 milhões por danos morais coletivos causados pela poluição ambiental em dois hospitais públicos, sendo R$ 5 milhões referentes ao Hospital Regional de São José, que opera com estação de tratamento de esgoto ineficaz e descarte irregular de resíduos contaminados em área urbana que deságua na Baía Sul.
Relatórios técnicos apontam vazamentos, infiltrações e falhas estruturais na estação, além de manipulação incorreta de lixo hospitalar, com chorume sendo despejado diretamente na drenagem pluvial. O Ministério Público considera que o cenário compromete o ecossistema e oferece riscos à saúde pública.
A outra metade da condenação é referente ao Hospital Santa Teresa, em São Pedro de Alcântara, onde o MPSC constatou o lançamento de efluentes hospitalares sem tratamento no solo e em rios como o Riacho Morto e o Rio Maruim. A unidade opera sem licença ambiental e com uma estação de tratamento abandonada, além de manter um cemitério irregular em área de preservação permanente.
A sentença obriga o Estado a construir novas estações de tratamento em até um ano, recuperar áreas degradadas, implantar programas de gestão ambiental e manter fiscalização contínua. O Instituto do Meio Ambiente (IMA) também foi responsabilizado por omissão diante das irregularidades, denunciadas desde 2007. A sentença é passível de recurso.
Nas ações, ajuizadas em 2013, a 10ª Promotoria de Justiça da Comarca de São José revela um cenário de negligência ambiental e sanitária que já se arrastava há mais de uma década. As alegações finais do MPSC, apresentadas em 2023, reforçaram que a prática continuava “irregular, ilegal e poluidora”, conforme avaliação do promotor Raul de Araújo Santos Neto.
O que diz a SES
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirmou que o sistema de tratamento de esgoto do Hospital Regional de São José encontra-se conectado à rede pública de esgotamento sanitário, homologada pela Casan, e que está regularizado quanto ao lançamento de efluentes.
A pasta informou ainda que a antiga Estação de Tratamento de Esgoto, desativada há anos, foi recentemente removida, dando lugar à instalação de um estacionamento, o que, segundo a secretaria, solucionou uma pendência histórica da unidade.
Sobre as infrações ambientais apontadas na decisão judicial, a SES destacou que se referem a uma situação ocorrida há mais de uma década, anterior às adequações realizadas mais recentemente no hospital.
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