A Rua Alverina Maria da Silva, localizada no loteamento Jardim Solemar, dentro do bairro Cidade Jardim de Florianópolis, em São José, vive há décadas o drama de um esgoto a céu aberto que corta a comunidade e coloca em risco a saúde e a segurança dos moradores.

Segundo relatos, o problema teve início há muitos anos, quando diversas moradias foram erguidas em áreas sem infraestrutura básica. Sem rede de esgoto disponível, ligações clandestinas acabaram sendo feitas diretamente em um valo que atravessa a rua, por onde atualmente corre uma água já visivelmente contaminada, oriunda de tanques de criação de peixes. O município, no entanto, afirma que se trata de uma nascente.

A explicação oficial não convence os moradores. Eles reconhecem a existência de uma nascente em uma chácara próxima, mas garantem que a água percorre um caminho extenso antes de chegar à rua, passando por três açudes, o que a deixa imprópria. “Isso não é nascente, é esgoto. Nascente não tem cheiro, não vem escura e cheia de doença. Se tivesse fiscalização de verdade, isso já teria sido resolvido há muito tempo”, afirma Matias Nunes, líder comunitário que há anos acompanha a luta da vizinhança por melhorias.

Para Matias, a situação passou de negligência para abandono. “Já não aguentamos mais. O que a gente pede não é luxo, é dignidade. Estamos lidando com risco à saúde das crianças, gente adoecendo, pessoas se machucando ao atravessar pontes improvisadas com tábuas velhas. E o poder público continua fazendo de conta que não vê”, desabafa.

Além do mau cheiro e da aparência da água, os riscos são visíveis: há relatos de crianças que se machucaram ao cair de passagens improvisadas, feitas com tábuas e pedaços de madeira. Moradores relatam também a presença constante de mosquitos e temem surtos de doenças como leptospirose, dengue e infecções gastrointestinais.

Outro ponto de crítica é o abandono de uma obra de praça na comunidade. Segundo os moradores, os trabalhos começaram, mas foram interrompidos após poucos dias. No local, materiais de construção e estruturas metálicas enferrujadas seguem espalhados, sem qualquer sinalização adequada. Não há placa informativa sobre o projeto, o que fere a legislação federal sobre obras públicas.

Apesar das inúmeras tentativas de diálogo com representantes políticos e com a Prefeitura, a comunidade afirma que não recebeu até hoje uma resposta definitiva. A justificativa mais comum é de que seria necessário um licenciamento ambiental para intervir no local, argumento que a população contesta. “Se fosse em outro bairro, já tinha obra, já tinha solução. Aqui, falta vontade política”, reforça Matias.

A situação não chamou atenção apenas do Portal. Na quarta-feira (12), uma equipe do SCC SBT esteve no Jardim Solemar e mostrou em rede aberta a realidade vivida pelas famílias da rua. A reportagem pode ser conferida aqui.

O que diz a Prefeitura

Em nota ao São José Agora, a Prefeitura de São José informou que a Rua Alverina Maria da Silva, nº 2336, no Jardim Solemar, já recebeu obras de drenagem e pavimentação. No entanto, esclareceu que a canalização completa do curso d’água que atravessa a via trata-se de uma obra mais complexa, que requer licenciamento ambiental, principalmente por se tratar de uma área com nascente.

A administração municipal também alegou que a tubulação existente no local não pertence ao poder público, o que limita a possibilidade de intervenção direta. A Prefeitura afirmou que qualquer obra no trecho depende da autorização de órgãos ambientais.

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